Cristiana Lôbo
José Serra não pretende antecipar o anúncio de que será candidato à presidência da República - embora, até as pedras da Praça dos Três Poderes saibam disso -, mas já está ajeitando o terreno. Em São Paulo, por exemplo, não quer confusão e, por isso, acolheu o conselho dado por Orestes Quércia (PMDB) de que o melhor candidato ao governo é Geraldo Alckmin.
Todos sabem que Serra não morre de amores por Alckmin. Se fosse para indicar um tucano, o nome seria o de Aloysio Nunes Ferreira; se fosse pelo coração, Gilberto Kassab. Mas Serra pretende se mover pela razão e referendar a escolha de Alckmin. Assim, não fustigaria o PSDB paulista nem criaria problemas num Estado onde precisa ampliar a vantagem sobre a principal adversária, Dilma Roussef, (PT).
Para se ter uma idéia da importância dos votos de São Paulo: Serra acha que poderá abrir uma vantagem sobre Dilma de até 8 milhões de votos; o PT avalia que se essa diferença a favor de Serra for inferior a 4 milhões de votos, ela tem grande possibilidade de vencer a eleição, pois acredita que ficará na frente no Nordeste, graças à popularidade do presidente Lula.
A propósito: Serra tem um outro problema além do Nordeste. É o Norte, onde não pode perder na mesma proporção da eleição passada, em que ficou com quase um milhão de votos atrás de Lula.
Serra tem problemas e Dilma Roussef tem os seus. O de Dilma neste momento é mostrar que sua candidatura está de pé com perspectivas reais de vencer. Só assim, ela assegurará o apoio formal do PMDB à sua candidatura - uma condição que o presidente Lula considera fundamental, por conta do tempo de televisão.
O mes de agosto não foi bom para Dilma, como já dissemos aqui, mas o que preocupa é o que vem por aí. O PMDB já deixou bem claro ao presidente Lula que se não tiver a vaga de vice na chapa de Dilma vai ficar muito difícil o partido dar o apoio oficial à candidatura dela. Uma parcela do PMDB, como se sabe também, já está com Serra, como é o caso do PMDB paulista, e outras estão em fase de namoro, como o PMDB baiano e, quem sabe, o mineiro.
Dilma ainda tem outro problema: Ciro Gomes. Ele saiu da toca e começou a se movimentar. Assim está demonstrando vitalidade na pesquisa do momento. O risco é ele continuar subindo e superar Dilma que está parada ou até em queda porque, por conta do tratamento de saúde, foi obrigada a se recolher um pouco. Vale lembrar que ela volta hoje de férias e com disposição, ao menos até agora, de retomar os contatos políticos.
O resumo da ópera é o seguinte: falta um ano para as eleições e o cenário está em movimento.
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