No Brasil, fogo cruzado no Congresso. O alvo era a venda da Varig. Suspeitas, denúncias e os bastidores da negociação foram revelados por uma ex-diretora da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
Denise Abreu fez acusações graves em depoimento no Senado. Mas de sua bagagem pesada não saíram provas. Eram 30 quilos de documentos que Denise Abreu trouxe para Brasília e levou para o Senado e não foram usados.
O ex-presidente da Anac, Milton Zuanazzi, que também depôs ontem, negou que os diretores da Agência Nacional de Aviação Civil tenham sido pressionados para aprovar a venda da Varig.
A ex-diretora da Anac chegou acompanhada de seguranças do Senado e trazendo uma mala de documentos. O depoimento durou mais de nove horas. Da mala não surgiram grandes novidades, mas Denise Abreu reafirmou as acusações que têm feito.
No depoimento, Denise Abreu disse que sofreu pressões da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, mas que não recebeu qualquer uma ordem direta dela para que a Anac aprovasse a venda da Varig.
“A ministra nunca me mandaria fazer nada. Eu fui fortemente questionada do por que eu estava expedindo ofício para a investigação do capital estrangeiro com entrada oficial pelo Banco Central e os impostos de renda dos sócios”, afirmou a ex-diretora da Anac, Denise Abreu.
Denise Abreu também apontou a interferência do advogado Roberto Teixeira no processo e da filha dele, Waleska Teixeira.
“As ingerências praticadas e a forma truculenta como o Escritório Teixeira Martins atuou dentro da Anac são ações inequivocamente, no mínimo, imorais, que podem gerar ilegalidades”, disse a ex-diretora da Anac, Denise Abreu.
Ao fim do depoimento, os líderes do governo disseram que ficou claro que não houve pressão indevida da ministra Dilma.
“O depoimento foi esclarecedor para mostrar que o governo agiu corretamente. O governo cobrou procedimentos, a sociedade cobrou procedimentos, a classe política cobrou que a Varig não parasse. E o governo, dentro da legislação, dentro do âmbito legal, procurou atuar no sentido de possibilitar a recuperação da Varig”, afirmou o líder do governo, senador Romero Jucá (PMDB-RR).
A oposição acha que ainda há muito o que explicar.
“Ela foi bastante incisiva em questões essenciais, como confirmar as pressões e interferência oriundas da Casa Civil da Presidência da República. Eu defendo que a oposição encaminhe representação ao Ministério Público de forma oficial para provocar a instauração dos procedimentos necessários”, defendeu o senador Álvaro Dias (PSDB-PR).
Dois ex-diretores e o ex-procurador da Anac também foram ouvidos. Eles negaram qualquer tipo de pressão e defenderam a legalidade da venda da Varig.
“Não há nenhuma pressão, não há nenhum documento, não há nada nesse processo de venda da Varig escondido”, disse o ex-presidente da Anac, Miltom Zuanazzi.
Em nota, o advogado Roberto Teixeira negou que tenha agido de forma imoral e declarou que a pressão a que se referiu Denise Abreu teria sido exercida pela Justiça, que impediu que a Anac repassasse as linhas da Varig para outra empresa.
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