terça-feira, 3 de junho de 2008

Especial - O Massacre na Praça Celestial (03.06.1989)


O exército decidiu investir contra os milhares de estudantes que estavam acampados na Praça Celestial. Eles exigiam mais democracia, a reforma do regime e a queda do primeiro-ministro Li Peng.

A cena-símbolo do massacre foi a de um jovem chinês que tentou impedir sozinho a passagem de uma coluna de 18 tanques. Depois de colocar-se exatamente na linha de avanço dos blindados, ele foi caminhando, calmo e ritmado, na direção da coluna. Houve um ligeiro desvio da parte dos militares para sair da rota colisão com o intruso, mas ele não desistiu. Vestia uma camiseta branca quando se lançou mais de uma vez na frente dos blindados para impedir que eles chegassem novamente à praça. Como numa corrida de touros, voltou a encarar a coluna de frente.

O solitário toureador de blindados acabou dobrando os inimigos, e os tanques pararam. Ele subiu então no primeiro deles e, batendo com os punhos na carcaça, gritou: "Fascistas, fascistas". Afinal desceu e, cercado por colegas manifestantes, desapareceu na multidão. A cena não durou mais que um minuto mas foi registrada pela TV e mostrada ao redor do mundo.

A identidade do heroi nunca foi descoberta.

Depois de sete horas de batalha, a paisagem era de destruição. Pelo menos 1400 mortos e 10 mil feridos na violenta repressão do Exército Chinês contra os manifestantes que haviam ido às solidarizar-se com os estudantes que estavam acampados na Praça da Paz Celestial, onde fica a sede do governo do Partido Comunista Chinês e o Parlamento.

Sob o regime da lei marcial, a TV e o rádio não divulgaram para a população chinesa as verdadeiras dimensões dos confrontos e das perdas humanas.


O dilema dos soldados chineses

A decisão tomada pelo Partido Comunista em responder aos manifestantes com a força indignou os estudantes. A tropa que matava era o Exército de Libertação Popular, cujas origens vinham das mudanças introduzidas nas Forças Armadas por Mao Tsé Tung, quando este chegou ao poder em 1949.

Os soldados, muitos deles extremamente jovens e inexperientes, passavam por um dilema: ou atiravam nos seus compatriotas ou sofreriam as penalidades aplicadas pelo Chefe do Estado Maior. Houve soldados que ameaçaram se suicidar caso fossem obrigados a atirar contra a população.

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