Ditadura, poluição e câmbio: China merece as críticas
A China merece que outros chefes de Estado façam como o presidente Bush e aproveite os jogos de Pequim para jogar luz sobre os absurdos da ditadura chinesa. É duro concordar com um Lame Duck ( ou "pato manco" como os americanos chamam os governantes em fim de mandato) e mais duro ainda quando esse governante chama-se George Bush, mas a China abusa da sua importância comercial para os parceiros para tentar calar todos os que falam dos absurdos que acontece no país.
O país censura a internet, proíbe manifestações, prende contestadores, mesmo aqueles que não são exatamente opositores políticos. A militância ambiental é tratada como dissidência política e punida com o mesmo rigor. A promessa feita pelo regime chinês de que deixaria os jornalistas trabalhar em liberdade ficou só na fachada. Hoje um jornalista estrangeiro pode gravar suas "passagens" ( aquele momento em que o jornalista aparece na reportagem) sem pedir autorização ao governo, mas o direito de ir e vir continua cerceado. O correspondente Gilberto Scofield, do jornal O Globo, está numa lista de jornalistas que ainda não tiveram autorização para visitar o Tibete.
A China é importante parceiro comercial de quase todos os países do mundo, mas usa esse poder para tentar calar as criticas a sua inaceitável política de direitos humanos. Além disso tem sim apoiado governadores tirânicos na África.
A alegria e a beleza dos jogos olimpicos não deveriam fazer com que o mundo esquecesse isso. A festa será linda, as novas construções são impressionantes e foram levantadas em tempo recorde, mas para prepará-la foram feitas vítimas: a liberdade de contestação e o meio ambiente. A China fez absurdos ambientais e depois fez uma rápida maquiagem, limpando lagos e rios próximos a Pequim, fechando temporariamente fábricas, proibindo circulação de veículos para tentar limpar o rarefeito e sujo ar de Pequim.
Quanto ao Brasil, os empresários estão pedindo guerra comercial. E eles têm razão. Sou contra o protecionismo de uma forma geral, mas a relação comercial com a China é desequilibrada pelo câmbio. Eles controlam o câmbio e enquanto o real se valorizou em relação ao dólar todos estes anos, a China manteve o câmbio congelado e depois administrou uma mínima valorização. Isso permite que o preço do produto chinês em dólar chegue artificialmente barato a outros países. Isso é competição espúria e o Brasil deve sim ouvir o que dizem os produtores de sapatos, têxteis e brinquedos. Isso sem lembrar o fato de que, sem um debate livre, é mais dificil controlar a qualidade dos produtos. Os brinquedos chineses com tinta tôxica, como recentemente foi provado, são um enorme risco. Por isso para entrar no Brasil eles devem passar por um rigoroso controle do Inmetro, mesmo que isso seja visto como barreira não tarifária por eles.
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